O exame de curva glicêmica faz parte dos exames solicitados durante o pré-natal da gestante
Entre os fatores que analisa o organismo a fim de identificar alguma anormalidade está o exame de curva glicêmica. Ele consiste em analisar a concentração de glicose no sangue e está relacionada à descoberta de um diabetes em estágio inicial ou mais avançado. Neste artigo, você também saberá o quão importante é realizar este exame durante a gestação.
O que é exame de curva glicêmica?
Este exame analisa a concentração de glicose no sangue. Para isso é necessário estar em jejum de oito horas e em seguida ocorre a ingestão de 75 gramas de um líquido açucarado. Ele pode ter de duas a cinco dosagens, conforme consta no pedido médico. E o resultado é divulgado em miligramas por decilitro (mg/dl).
Além disso, o exame de curva glicêmica também tem a função de mapear a existência do diabetes e identificar outras questões. Entre elas: o sedentarismo e a obesidade.
Já no caso das gestantes, elas precisam realizar este exame para combater um possível diabetes gestacional.
Exame integra a lista de exames do pré-natal
O exame de curva glicêmica integra os exames solicitados durante o pré-natal. Além disso, aproximadamente 20% das grávidas desenvolvem o diabetes mellitus gestacional (DMG). Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais rápido começa o tratamento, minimizando possíveis riscos para mãe e bebê.
Diabetes gestacional
O diabetes mellitus gestacional (DMG) se caracteriza pela resistência à insulina. Um exemplo disso são os casos de sobrepeso/obesidade, obesidade central e síndrome dos ovários policísticos, relacionados à ação dos hormônios placentários anti-insulínicos que favorece o quadro de hiperglicemia de intensidade variada.
Em relação à ocorrência do diabetes mellitus tipo 2, nem sempre ele é diagnosticado antes do período gestacional. Segundo o mais recente protocolo da Associação Americana de Diabetes, há um aumento alarmante da obesidade mundial em razão do diabetes tipo 2. Diante desse cenário, o objetivo desse protocolo é identificar as grávidas que se beneficiariam do controle da hiperglicemia, proporcionando uma melhora no prognóstico dessas gestações, além de prevenir complicações futuras para as mamães e seus filhos.
Não só para gestantes
De acordo com o médico Dr. Mário Macoto Kondo, chefe do departamento de Obstetrícia do Hospital e Maternidade Santa Joana, a função do exame de curva glicêmica também auxilia na análise da resistência à insulina e de outras alterações das células do pâncreas.
Público-alvo
Além das gestantes, este exame é recomendado para rastrear diabetes e pré-diabetes em adultos com sobrepeso (Índice de massa corporal, o IMC, maior ou igual a 25 kg/m2). Neste caso, ele se conecta a outros fatores de riscos adicionais. São eles:
- sedentarismo;
- parente em primeiro grau com diabete;
- hipertensão arterial;
- alterações do colesterol e/ou triglicérides;
- obesidade grave;
- mulher que teve bebê macrossômico (recém-nascido com peso maior que 4kg);
- e mulher com síndrome dos ovários policísticos.
Na ausência desses critérios, a realização do exame é feita a partir dos 45 anos de idade.
Quando o exame é realizado em gestantes?
O exame é feito entre 24 e 28 semanas de gestação com 3 dosagens da glicemia. É necessário estar de jejum de 1 a 2 horas após a ingestão de 75 gramas de glicose. Já o resultado em jejum deve ser inferior a 95 mg/dl; com 1 hora, deve ser menor que 180 mg/dl; e após 2 horas, o resultado deve ser menor que 155 mg/dl.
E se confirmar diabetes gestacional?
Com a confirmação do diabetes gestacional, a gestante recebe orientação alimentar especializada. Surge aqui o trabalho de um nutricionista e de um educador físico em sua rotina. Com essas medidas já poderá resultar em um controle da glicemia no sangue.
Por outro lado, é de extrema importância que também se faça o monitoramento da glicemia capilar. Ela é feita a partir de uma pequena gota de sangue retirada da ponta do dedo. O teste deve ser realizado quatro vezes ao dia, da seguinte forma:
- a primeira em jejum;
- a segunda após o café da manhã;
- a terceira após o almoço;
- e, por fim, após o jantar.
Se os resultados forem 70% satisfatórios não há necessidade do uso de insulina, pelo menos no início. Mais para frente, se precisar utilizar insulina, deverá ter um controle antes do almoço, antes do jantar e de madrugada.
Quais os riscos para mãe e bebê?
Um diabetes gestacional não controlado gera implicações, como: macrossomia fetal, aumento do líquido amniótico, óbito fetal, maior risco de distócia de ombros no parto, tocotraumatismo e de intervenções cesarianas.
E após o nascimento pode haver desconforto na respiração, hipoglicemia, além de icterícia, decorrentes da elevação das bilirrubinas. Sendo assim, o controle de glicemia é capaz de diminuir as complicações na gestação, no parto e no período neonatal.
Conclusão
Quando a paciente segue uma orientação nutricional adequada e tem um bom acompanhamento, aliado à atividade física, e uso de medicação para controle glicêmico, pode haver uma redução dos riscos para o binômio materno-fetal a curto e a longo prazo.
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