Gestante e Covid-19: grávidas são grupo de risco?

Grávida utilizando máscara facial fazendo sinal de pare

Passados seis meses desde o decreto de calamidade pública no Brasil, em razão da pandemia do novo coronavírus, o Ministério da Saúde tem se posicionado em relação ao perigo da doença para as gestantes. Porém, com a flexibilização das medidas e reabertura de alguns nichos da economia fica a dúvida: grávidas ainda integram o grupo de risco?

Neste artigo, vamos tirar esta dúvida, além de recomendar cuidados de prevenção ao coronavírus antes, durante e pós-parto.

Ministério da Saúde

A partir de uma atualização, realizada no dia 10 de abril, o Ministério da Saúde passou a integrar gestantes, puérperas, mulheres após aborto e perda fetal no grupo de risco para a Covid-19.

Com o anúncio, muitas mulheres gestantes foram afastadas de seus trabalhos presenciais, passando a trabalhar remotamente.

Porém, com a flexibilização, algumas atividades voltaram a operar em escala reduzida. E tanto empregador como as grávidas ficam sem saber como agir diante deste novo cenário.

Agosto

Além disso, até final de agosto, o ministério registrou em torno de três mil casos confirmados da doença em gestantes. Desse total, no mesmo período, 155 delas foram a óbito.

Spots da UFMG

Para facilitar a vida das gestantes que seguem em casa ou que precisaram retomar suas atividades presenciais, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio de seu Centro de Comunicação Social (CCS), em parceria com a faculdade de Medicina, produziu uma série de spots que abordam os cuidados de prevenção à Covid-19: antes, durante e após o parto.

Em recente atualização, o Ministério da Saúde também afirmou que, gestantes infectadas pelo vírus têm 1,5% mais chance de ir para o CTI e 1,7% mais de necessitar de ventilação mecânica que as mulheres que não estão grávidas.

Alteração do sistema imunológico na gestação

A preocupação em torno das gestantes faz sentido do momento em que durante a gestação, acontecem alterações no sistema imunológico. Sobre isso, a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da faculdade de Medicina, Ana Luiza Lunardi, explica que no caso de outras doenças virais, como o H1N1, as gestantes podem apresentar um padrão de infecção mais grave e elevar os riscos de complicações. Além disso, como não se sabe identificar um exato comportamento do novo coronavírus, foi decidido pela classe médica que as grávidas ainda integram o grupo de risco, ressalta Lunardi em um dos spots:

“O que a gente vem observando é que, no Brasil, a mortalidade de grávidas e nas mulheres no pós-parto tem sido maior que no restante do mundo. Isso serve de alerta para que a gente realmente mantenha as grávidas e as puérperas no grupo de risco e que devem tem mais nossa atenção.”

Pré-natal, amamentação e visita ao recém-nascido

A série de spots também aborda os cuidados que as gestantes devem ter nas consultas de pré-natal. E após o nascimento, como deve ser a hora da amamentação e até quais medidas devem ser tomadas para a visitação dos outros familiares ao mais novo membro.

Os áudios podem ser ouvidos via SoundCloud ou pelo Spotify.

Maternidade

Apesar dos riscos, ainda assim ter o bebê em uma maternidade é a primeira opção da maioria das mães.

Em relação a isso, o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Gabriel Costa Osanan, da UFMG destaca:

“O parto no ambiente hospitalar continua sendo o mais seguro para essas pacientes. As maternidades se organizaram para atender as gestantes assintomáticas em áreas diferentes daquelas com suspeitas de covid-19. Tudo isso para garantir a segurança das mães e dos seus filhos.”

Transmissão do coronavírus ainda no útero

Como se trata de uma doença que muito não se sabe com 100% de certeza, resta dúvidas em relação à transmissão da Covid-19 ainda no útero.

Portanto, o consenso entre a comunidade científica também diverge, explica o professor, que admite que pode haver a transmissão no fim da gestação:

“Contudo, esse parece ser um evento raro e, na maioria das vezes, os recém-nascidos evoluem de uma forma favorável.”

No caso das grávidas, diante de tais evidências descritas acima, o recomendável é tomar todo cuidado possível. 

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