O aborto espontâneo é uma interrupção precoce da gravidez que pode ocorrer entre a 12ª e a 20ª semana de gestação
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há alguns critérios para que o fim de uma gestação seja considerado um aborto. E no caso do aborto espontâneo, o Ministério da Saúde apresenta uma classificação.
O que caracteriza um aborto espontâneo?
O aborto espontâneo se caracteriza como uma interrupção precoce da gravidez que pode ocorrer entre a 12ª e a 20ª semana de gestação.
Porém, a Organização Mundial de Saúde apresenta alguns critérios para que o fim de uma gestação seja considerado um aborto. De acordo com a OMS, considera-se aborto a interrupção antes das 22 semanas de gestação. Isso porque nesta fase, geralmente, o feto tem peso inferior a 500 g. Portanto, quando o feto é retirado nessas condições é impossível dele sobreviver fora do útero da mãe.
O aborto espontâneo é relativamente comum e acontece em torno de 10 a 25% das gestações. Além disso, há casos em que o abortamento ocorre até antes da mulher saber que está grávida.
Estudo britânico
Em maio deste ano, um estudo publicado na revista médica The Lancet, escrito por dois pesquisadores britânicos e suas equipes, evidenciam a importância de falar mais abertamente sobre o aborto espontâneo, que é um problema de saúde bastante comum, porém, negligenciado.
Intitulado “O aborto é importante”, a professora Siobhan Quenby, da Universidade de Warwick, e o professor Arri Coomarasamy, da Universidade de Birmingham, chamam a atenção para o sofrimento de mulheres que perderam um bebê. Todos os anos, quase 23 milhões de abortos espontâneos ocorrem no mundo todo.
Aborto Espontâneo Classificado segundo o Ministério da Saúde
Ainda sobre o Brasil, o Ministério da Saúde indica algumas classificações de abortamentos. São elas:
- Ameaça de abortamento – Quando ocorre um sangramento de pouca intensidade e cólicas pouco intensas. Porém, o feto mantém-se vivo, e o colo do útero permanece fechado. Neste caso, os médicos recomendam que a mulher limite suas atividades, ficando em repouso. Se ela sentir dores fortes, febres ou sangramento deve procurar novamente ajuda médica.
- Abortamento completo – A mulher sofre a eliminação total do conteúdo uterino. É recomendado que a mulher fique em observação para que seja verificado se não ocorrem sangramentos e o desenvolvimento de infecções.
- Abortamento inevitável/incompleto – Ao contrário do completo, aqui, o conteúdo uterino é mantido. Mas a mulher apresenta sangramento e dores, além do colo do útero ficar aberto. Portanto, é necessária a retirada do conteúdo que ficou. Nesta situação pode ser feita: a curetagem, em que é feita uma raspagem da parte interna uterina; a AMIU, que é a aspiração manual intrauterina; ou ainda o uso de medicamentos que garantirão a expulsão do material.
- Abortamento retido – É quando o embrião permanece sem vida no interior do corpo da mulher. A diferença é que ele não apresenta sangramentos e o colo do útero permanece fechado. Porém, observa-se uma regressão dos sintomas clássicos da gravidez. Pode haver a administração de medicamentos para garantir a eliminação do conteúdo uterino ou a realização da técnica AMIU.
- Abortamento infectado – Há presença de infecção, geralmente decorrente da realização de abortos ilegais, com manipulação incorreta do útero. Além de observar um abortamento incompleto e infecções, especialmente as bacterianas. A mulher apresenta sangramentos, dores, febre e até mesmo eliminação de pus na região do colo uterino.
- Abortamento habitual – É quando ocorre três ou mais abortos espontâneos consecutivos. É essencial que a mulher procure um médico para a avaliação das causas desses abortos repetitivos.
Abortamento eletivo previsto em lei – Aqui a mulher está amparada pela lei. Há alguns casos em que é permitida a interrupção da gravidez. São elas: estupro, riscos de vida para a mulher ou confirmação de feto que não apresenta parte da calota craniana, ou ela inteira, e o cérebro (anencefalia). Nestas situações, a mulher poderá realizar o abortamento sob diferentes técnicas: uso de medicamentos, curetagem e AMIU.
Causas do aborto espontâneo
Há algumas causas que resultam no abortamento precoce, não favorecendo a vida do feto ou que prejudica seu desenvolvimento. As principais são:
- alterações cromossômicas;
- quedas no nível de progesterona no corpo da mulher;
- alterações no útero;
- problemas na tireoide;
- diabetes não controlado;
- algumas doenças.
Riscos de um abortamento precoce
Já o abortamento precoce ocorre com maior regularidade nestes casos, que são considerados fatores de risco à mulher:
- Idade materna acima de 45 anos;
- Mulheres obesas;
- Mulheres com baixo peso;
- Casos anteriores de abortamento;
- Consumo de drogas;
- Tabagismo;
- Uso de alguns medicamentos.
Tem tratamento?
Na maior parte das situações pode ter soluções. Quando a causa é genética, pode haver apoio de uma reprodução assistida, selecionando os embriões ou ainda ter doadores de óvulos e esperma saudáveis. Já o colo do útero pode ser reparado por meio do procedimento cerclagem, que o fecha com pontos que são retirados apenas próximo do parto. Para quem tem predisposição à trombose, doses de anticoagulante são administradas. A tireoide também pode ser controlada com medicamentos e a progesterona, reposta.
Medidas para evitar um aborto
Aqui a melhor medida é ir regularmente ao seu ginecologista e manter os exames em dia. Com isso é possível detectar e controlar problemas de diabetes, hipertensão, tireoide. E ainda descobrir miomas e avaliar o colo uterino. Também é importante manter em dias as vacinas como a rubéola.
Quando posso tentar engravidar de novo?
Se o aborto aconteceu nas primeiras semanas e sem precisar de curetagem ou outro procedimento, já pode tentar engravidar no ciclo menstrual seguinte. Mas se houve intervenção médica, é recomendado aguardar pelo menos três meses ou após ter dois ciclos completos regulares.
Por fim, avalie junto ao seu companheiro se já estão preparados psicologicamente em tentar engravidar de novo, e pedir ajuda sempre que necessário ao seu médico.
Foto: Reprodução/Unsplash